Central das Ondas do Cachorro (foto Rádio Pico)
Também a aposta nas Energias renováveis é fator primordial contra o aquecimento global
Está sendo noticiado por todos os jornais portugueses esta triste notícia:
“O projecto da central de energia das ondas do Pico, uma das únicas do género no mundo, está em risco de ser abandonado porque a entidade gestora não consegue financiamento de 500 mil euros para recuperar a estrutura. “A possibilidade de a Central de Ondas do Pico ser abandonada é mais do que real. A central está com problemas na estrutura, que está erodida, e não temos conseguido arranjar o financiamento necessário para o reparar”, disse António Sarmento, presidente da direcção do Wave Energy Center. (…) “O Estado normalmente financia a criação de nova tecnologia, novos produtos e a Central do Pico já lá está, já recebeu o apoio [quatro milhões há dez anos e em 2005 recebeu mais 500 mil do Estado]”, recordou o professor. António Sarmento referiu que a central “vai ser inscrita na Rede Europeia de Infra-estruturas de Investigação e Desenvolvimento da Energia dos Oceanos” e notou que “deve ser das poucas em Portugal inscritas numa rede” do género. “A central do Pico é um exemplo claro da perseverança que se tem de ter nestas áreas, de que não se pode desistir às primeiras tentativas”, disse a mesma fonte. “Se não fosse a propensão em Portugal para desprezarmos tudo aquilo que fazemos, neste momento a central poderia ter uma muito maior visibilidade”, já que a funcionar como esta há poucas, acrescentou. “Há uma na Escócia, mas com muito menos potência, no Japão há uma que não sei se ainda está a funcionar e na Índia outra que se funcionar é esporadicamente. Mas estamos a falar de duas ou três no mundo, por isso dá pena que o país não seja capaz de aproveitar. ”O Wave Energy Center tem, por isso, objectivos claros para o próximo ano. “Em ligação com o Ministério da Ciência e Tecnologia e com o governo regional, queremos criar as condições para que a central se torne num centro de testes para novo equipamento deste tipo de tecnologia”, disse António Sarmento. Para isso, “e para receber condignamente as equipas europeias que no âmbito da Rede venham à central do Pico”, a entidade estima que vai precisar de mais um milhão de euros. Em 2010, a central do Pico esteve a funcionar ininterruptamente desde meados de Setembro até meados de Dezembro e foi desligada agora por questões de manutenção. Ou seja, já vai em 1300 horas de operação este ano (face às 265 de 2009), com uma potência média de 40 kilowatts/hora.”
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Central Termoeletrica - PICO
É ainda a EDA que afirma: “(…) As centrais hídricas, eólicas e geotérmicas garantem atualmente cerca de 30 por cento das necessidades energéticas regionais e as projeções da EDA indicam que em 2018 cerca de 75 por cento da eletricidade consumida no arquipélago terá origem em fontes renováveis.
Noutra publicação da EDA encontramos estas afirmações do responsável da Central do Pico: “A Condução de Centrais tem a seu cargo não apenas a exploração da C. T. Pico mas também a coordenação e supervisão de Rede MT da ilha e (…) também funciona como interface entre a EDA e o Centro de Energia das Ondas, sobretudo nas questões técnicas, embora o nosso envolvimento com a Central de Energia das Ondas no Porto Cachorro seja agora muito menos intenso que há alguns anos.” Sobre o Parque Eólico do Pico, refere o Eng. Nuno Mendes: “Não sei exactamente qual foi o dia de maior penetração de eólica, mas num dia de vento forte e constante, em que se consiga aproveitar todo o potencial do Parque Eólico, podemos ter uma componente renovável no Sistema, na ordem dos 25-28%, evitando-se durante esse período, em números aproximados, a combustão de 5000 litros de fuel (dia).“
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Parque Eólico – Terras do Canto – Ilha do Pico
Com tudo isto, caros leitores, no próximo ano, a aposta nas energias renováveis – ondocinética, eólica, solar e hídrica – deve continuar a preocupar os nossos governantes e assim, tanto a Central do Cachorro, como o aumento do Parque eólico, ou ainda a nunca concretizada Central hídrica da Lagoa do Paúl, conjuntamente com o aproveitamento energético da água já canalizada da Lagoa do Caiado, não são de menosprezar, antes sim de aproveitar e engendrar formas de obter financiamentos para a sua manutenção ou concretização.
E, por favor, não nos deixem com um mamarracho na costa do Pico, se abandonarem, por incúria, a Central de Energia das Ondas, no Cachorro.
Pensem maduramente nisso, Senhores decisores públicos… e um Feliz Ano de 2011 para todos nós.
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